Conversa com Graça Ramos

Antes mesmo dos famosos azulejos de Athos Bulcão serem instalados na fachada da Igrejinha Nossa Senhora de Fátima, obra arquitetônica de Oscar Niemeyer localizada na EQS 307/308, afrescos pintados por Alfredo Volpi decoravam as paredes internas do santuário.

 

Apenas quatro anos após serem feitos, os afrescos de Volpi foram lixados e as paredes receberam uma camada de tinta, em 1962. Desaparecia ali a obra concebida pelo pintor que ousou transgredir os cânones da Igreja Católica e colheu, em troca, o apagamento de sua arte. A publicação de Graça Ramos destaca o papel cumprido pelas vozes religiosas que se insurgiram contra o traço volpiano, tachando-o de infantil e transgressor, e que pesavam no ambiente político da época. Juscelino Kubitscheck desdobrava-se em gestos de cordialidade com os líderes católicos para fazer avançar o processo construtivo de Brasília. Na conversa, a autora aponta também diálogos de Volpi com Niemeyer e Athos Bulcão, ícones do modernismo brasileiro e cujas obras fazem parte do cotidiano brasiliense.

 

Jornalista, Graça Ramos é doutora em História da Arte pela Universidade de Barcelona e mestre em Literatura pela Universidade de Brasília. Pesquisadora e curadora independente, concentra-se em estudar expressões da arte e da arquitetura produzidas em Brasília.