A Nova Sede

Sobre Lelé, o arquiteto

No país do futebol e da música, será como Lelé que João da Gama Filgueiras Lima deixará sua marca na história da arquitetura brasileira. Em 1957, a convite de Oscar Niemeyer, o arquiteto recém-formado veio para o Planalto Central para fazer parte da equipe que construiria Brasília. A partir daí, sua obra arquitetônica foi pautada pelo refinamento técnico e construtivo, onde arquitetura e estrutura convivem numa simbiose perfeita. É um dos raros arquitetos que consegue moldar com a mesma desenvoltura diferentes materiais, seja concreto, aço, argamassa armada ou mesmo o tijolo cerâmico. Preocupado com a habitação social, a sua obra busca a racionalização e a industrialização de componentes sem, contudo, descuidar do conforto ambiental e da inserção da obra de arte como “elemento integrador do projeto”.

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O início da pré-fabricação pesada, iniciada na Universidade de Brasília, alcança o ápice no Centro Administrativo da Bahia (1973).  A partir do final da década de 70, Lelé prossegue suas experiências de pré-fabricação leve em várias usinas-laboratório, como na RENURB (Companhia de Renovação Urbana de Salvador, onde integra arquitetura, urbanismo e engenharia, 1979), em Abadiânia-GO (Escolas Transitórias, 1982) e na Fábrica de Escolas e Equipamentos Urbanos do Rio de Janeiro, ativa entre 1984 e 1986. Estas experiências foram aprimoradas na FAEC (Fábrica de Equipamentos Comunitários em Salvador, de 1985 a 1989) e no CTRS (Centro de Tecnologia da Rede Sarah, Salvador, inaugurado em 1992), através do qual Lelé constrói e expande a rede de Hospitais Sarah. Uma terapia hospitalar inovadora e dinâmica se torna possível pela arquitetura e design de componentes hospitalares apropriados, como a cama-maca, desenvolvida nos anos 80, e que permite total mobilidade do paciente pelo espaço hospitalar.

A parceria com Athos iniciou-se em Brasília em 1959, gerando um conjunto de criações que se estende do mobiliário arquitetônico (divisórias, biombos, portas e muros) aos painéis abstratos geométricos. Elas trazem vida aos ambientes internos dos hospitais da Rede Sarah Kubitschek, dos Tribunais de Contas da União e nos inúmeros projetos desenvolvidos com a técnica da argamassa armada: creches, escolas, passarelas, equipamentos urbanos, etc. O último hospital da rede, o Sarah-Rio (2001-2009), inaugurado em maio deste ano, foi o primeiro hospital no qual Lelé não pode mais contar com a colaboração de Athos, tendo ele mesmo realizado a integração artística.

Recentemente, Lelé deixou o CTRS e fundou o “Instituto Habitat”, através do qual continua a desenvolver projetos e a realizar pesquisa, um verdadeiro laboratório de construção, na busca incessante pela leveza, qualidade construtiva e inovação tecnológica.

Cláudia Estrela Porto

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