10/03/2009 |

Museu Nacional da República recebe primeira exposição de Athos Bulcão depois de sua morte

“Arquitetura é música congelada”. A célebre frase de Arthur Schopenhauer poderia servir de síntese para Athos Bulcão: compositor de espaços, exposição que a Fundação Athos Bulcão realiza no Museu Nacional da República. Leia mais.

por Ionara Talita


"Arquitetura é música congelada". A célebre frase de Arthur Schopenhauer poderia servir de síntese para Athos Bulcão: compositor de espaços, exposição que a Fundação Athos Bulcão realiza no Museu Nacional da República entre os dias 12 de março e 12 de abril. A curadoria é de Agnaldo Farias e Jacopo Crivelli Visconti. A mostra tem o patrocínio da Oi e o apoio cultural do projeto Oi Futuro e faz parte do projeto Noventa Athos, criado em homenagem aos 90 anos de idade e 50 anos de Brasília que o artista plástico completaria em 2008.

Em Athos Bulcão: compositor de espaços serão apresentadas 17 reproduções de obras de Athos que aparecem totalmente integradas à arquitetura. "Costumamos dizer que a obra de Athos é um museu a céu aberto. Com esta exposição fazemos o caminho inverso e trazemos suas obras para um museu propriamente dito", afirma Valéria Cabral, secretária-executiva da Fundação Athos Bulcão.

Um dos curadores da mostra, Agnaldo de Farias, faz coro com Valéria: "Athos era um colaborador dos arquitetos com quem trabalhou. Há um diálogo muito grande e forte entre sua obra e a arquitetura. Athos raciocinava sobre o espaço que lhe era dado e criava em cima dele. Por isso o podemos chamar de compositor de espaços", explica Farias. O curador acrescenta que essa ligação entre a arte de Athos e a arquitetura existe desde o início da carreira dele:"A exposição apresentará a reprodução, por exemplo, do aeroporto da Pampulha, em Belo Horizonte. Essa foi a primeira grande parceria entre Athos, Oscar Niemeyer e o presidente Juscelino, que ainda era prefeito da capital mineira". Além da Pampulha, a exposição trará reprodução de obras cujos originais podem ser vistos na França, no Rio de Janeiro e em Salvador, além é claro, de Brasília. Entre as obras que se encontram na capital federal figuram residências e obras no Congresso Nacional, Itamaraty e Aeroporto Juscelino Kubitschek.

Obra inédita

Um dos grandes destaques de Athos Bulcão: compositor de espaços certamente será uma obra que Athos deixou pronta, mas que não foi realizada. É uma calçada por onde o público poderá passear enquanto visita a exposição e que será reproduzida em escala real. A interação aqui será total. "Athos tem muitas obras inéditas. Esta é apenas uma delas. Isso prova que o trabalho dele prossegue e que ele continua compondo espaços", diz Agnaldo.

Athos Bulcão

Carioca do bairro do Catete, Athos nasceu em 2 de julho de 1918. Em 1939, iniciou o convívio com importantes artistas do cenário nacional, ficando amigo de Carlos Scliar, Enrico Bianco e Roberto Burle Marx. Estudou na França, foi funcionário do Ministério da Educação e mudou-se para Brasília na época de sua construção, cidade na qual morou até seu falecimento, em julho de 2008, e de cuja Câmara Legislativa recebeu o título de Cidadão Honorário. Foi professor do Instituto de Artes da Universidade de Brasília.

Em 2008, Athos Bulcão completou 90 anos de vida e completaria 50 anos de sua chegada a Brasília. Falecido em julho último, pouco depois de seu aniversário, deixou-nos um vastíssimo legado de painéis de azulejos, treliças, relevos em madeira e em concreto que possibilitam uma relação familiar e direta com a arte na vida das pessoas.


 


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